“Fim de semana no parque”

Graziela Ares
12 min readJun 21, 2022

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Resumo

A partir de uma canção do grupo brasileiro Racionais MC´s, “Fim de semana no Parque”, em que o eu-lírico testemunha a existência de uma vida urbana bem distinta da sua realidade de pobre favelado, este ensaio faz uma breve reflexão sobre o processo de urbanização da cidade de São Paulo, desde o século XX, a partir de textos de autores como Simone (2014), Lefebvre (2012) e Santos (2007, 2009).

Palavras-Chave: 1. São Paulo 2. Urbanização 3. Favelas 4. Direitos 5. Cidadania

https://www.youtube.com/watch?v=oSxnR7cERpI

Este breve ensaio carrega o título de uma música da banda paulista Racionais MC´s (vide Anexo I) em que o “eu-lírico”, um morador de favela, anda pela cidade de São Paulo e observa, através da materialidade dos bens e da propriedade[1], as diferenças entre o seu estilo de vida e o da elite urbana. Segundo Lefebvre (2012, p. 19), o modo de viver urbano está presente na música dos Racionais representada com seu sistema de objetos (água, carro, bicicleta, motocicleta, televisão, sorveteria, cinema, piscina quente ou videogame), e sistema de valores, presentes nas possibilidades de lazer, costumes, moda e violência urbana (basquetebol, correr na rua, “playboyzada do Guarujá”, cooper, corrida de kart ou “passear no parque”)[2]. A cidade é valorada distintamente pelos grupos sociais que ali coabitam (UN-Habitat, 2020, p. 02) e a canção distingue justamente a existência de duas cidades e respectivas realidades socioeconômicas em São Paulo. Essa obra artística é uma representação de alguns dos fenômenos descritos nas obras selecionadas de Simone (2014) e Lefebvre (2012) que gostaria de comentar.

“Inveja da vida dos ricos, dos bairros burgueses, dos privilégios, é inevitável. (…) Apesar desta inveja, os manos tentam afirmar sua diferença. A periferia que se valorize; os negros que tratem de bancar sua cultura, seus valores — este é o antídoto contra a alienação, contra a sedução promovida pela propaganda, pela tevê, arautos da sociedade de consumo” (Kehl, 1999, p. 103)

Esse sentimento latente pode ser interpretado por Kehl (1999, p. 103) como inveja, causado pelas privações materiais e do direito desse grupo à cidade, ou como um testemunho dos padrões de “bem estar econômico e coerência social” urbanos (Simone, 2014, p. 323) desejados de serem imitados pelos citadinos (Latour and Lépinay, 2009 apud Simone, 2014, p. 326), mesmo sem quaisquer garantias de que os atingirão (Simone, 2014, p. 330). De qualquer forma, fica evidente que a cidadania não é equitativa entre os residentes da cidade, mas ponderada pelo seu código postal.

Os moradores das favelas[3] e cortiços[4] são popularmente (e erroneamente) percebidos como pessoas não éticas, não confiáveis, desonestas, sujos, criadores de problemas e, por vezes, comparados a um câncer ou ferida no contexto urbano (UN-Habitat, 2003, p. 227). O “favelado” é confundido com o marginal (UN-Habitat, 2003, p. 227), culpado de tudo de ruim que acontece na cidade (Simone, 2014, p. 323) e negligenciado (tanto como objeto quanto em autoria) pelas políticas públicas, investimentos e instituições. Nem mesmo os vizinhos, que vêem suas propriedades desvalorizadas por esses agrupamentos habitacionais, têm empatia. O morador da comunidade[5] torna-se o “outro” da classe média urbana exemplar, das “pessoas de bem”, dos trabalhadores qualificados, melhor remunerados e protagonistas do consumo, das demandas urbanas e dos direitos políticos (Simone, 2014, p. 323).

A sub-humanidade moderna (Santos, 2007, p. 10) dos moradores da favela constitui a maioria que Simone (2014, p. 322–323) chama de “missing people”: aqueles negligenciados que lutam para provar que vivem ali e importam, mas que, às vezes, precisam ser conveniente esquecidos para se auto preservarem. Esse grupo transcende marcadores indentitários em nome de uma transformação contínua, incerta e sem fim da qual involuntariamente fazem parte na busca pela sobrevivência e de alguma vantagem na cidade (Simone, 2014, p. 333). E é essa a alienação que Kehl (1999, p. 103) incita a periferia a lutar contra, como citei no início deste ensaio.

Porém, a existência desse exército de mão de obra barata, abundante e informal alimenta a expropriação pelo empreendedorismo burguês e urbano legitimado pela violência que destrói o pobre de forma “física, material, cultural e humana” (Santos, 2007, p. 09). E o Estado exerce aqui um papel duplo: ao imputar a força de polícia, em nome ao combate ao crime e proteção à propriedade privada, e pela omissão na ausência de políticas públicas e investimento equitativos e justos em contextos supostamente democráticos (Santos, 2007, p. 09). É notório como a força de polícia tem progressivamente pesado na capital paulista sobretudo nos últimos anos, como apresentado na Figura 1.

Figura 1 — Morte por Policiais Militares em São Paulo de Maio a Julho (2001–2020)

Fonte: obtida do portal G1 em 05/12/2021.

O êxodo rural e a migração pela busca de empregos aceleraram a urbanização em São Paulo entre os anos 30 e 80, impulsionam a pobreza e a crise da cidade tradicional (Davis, 2006, p. 26; Lefebvre, 2012, p. 17, 109; UN-Habitat, 2003, p. 226). O modelo de segregação socioespacial entre centro-rico e periferia-pobre já trazia consigo exceções como os cortiços e algumas favelas, como a do Canindé, descrita na novela autobiográfica “Quarto de Despejo”, de Maria Carolina de Jesus (Jesus, 1963), que conta a saga diária de uma mãe solitária preta para sobreviver a pobreza urbana na década de 50, sem apego algum à sua comunidade e com aspirações de sair dali e daquela condição o mais breve possível.

Assim como aconteceu em outras novas metrópoles do sul global (Simone, 2014, p. 322), a partir dos anos 80, o centro histórico da cidade assume ares de decadência, a elite econômica se espalha em uma área conhecida como “centro-estendido” enquanto as favelas se multiplicam nos vazios de São Paulo (UN-Habitat, 2003, p. 226). As diferentes classes passam a dividir espaços com muros visíveis ou invisíveis que reforçam as dicotomias de regulação/emancipação das sociedades metropolitanas (Santos, 2007, p. 07)[6], como o contraste registrado na foto de Tuca Vieira (Figura 2) abaixo.

Figura 2 — Favela Paraisópolis ao lado de condomínio de luxo no Morumbi, em São Paulo (Foto de Tuca Vieira, 2004)

Fonte: foto de Tuca Vieira publicada pelo jornal The Gardian (“São Paulo: imagem de injustiça — Entrevista com o fotógrafo Tuca Vieira”, 2017), obtida em 05/12/2021.

Embora aconteça na década de 80, a desindustrialização descrita por Davis (2006, p. 26) afeta São Paulo e reforça a pobreza com a mudança de capacidade produtiva para cidades de médio porte (UN-Habitat, 2003, p. 227). De cidade industrial, São Paulo transformou-se em uma cidade de serviços e a abissal desigualdade entre ricos e pobres acelerou concomitantemente ao crescimento das favelas e extensão da chamada área metropolitana. A população de favelas de São Paulo cresceu dos 1,2%, em 1973, para 19,8% em 1993 (Davis, 2006, p. 27). Em 2017, 10,9% dos 3.576.864 domicílios da cidade de São Paulo estavam localizados em favelas (Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis, 2020). São Paulo não está isento da desconstrução associada à construção de uma cidade (implosão-explosão) sobre novas bases espaciais e sociais (Lefebvre, 2012, p. 106) observada em grandes cidades industriais do norte global, mas é prejudicada por amplificar problemas antigos.

Analisar a urbanização da cidade de São Paulo desde o século passado me faz pensar em perspetivas de participação e contribuição dos diferentes grupos urbanos neste processo. A construção material (ou engenharia civil) da cidade é democrática em participação, mas com funções e papéis bem distinguidos entre os representantes do capital (empreendedores e a “pequena burguesia” da classe média) e do trabalho (operários, imigrantes, trabalhadores informais, desempregados). O planeamento urbano, as decisões de investimento e as políticas públicas, embora afetem a vida de todos os habitantes da metrópole, são pensados e executados por intelectuais, administradores e os promotores de vendas (Lefebvre, 2012, p. 30–32) a partir das suas lentes do que seriam as demandas da cidade. Embora sua existência na cidade seja determinada ou impactada pelo resultado dessa etapa, o racismo cultural brasileiro (Souza, 2019) exclui a possibilidade da contribuição do pobre.

Atualmente, delimitação espacial dos espaços e acessos é segregada mesmo quando não há muros, mas pelo código postal de residência, como já mencionei. Embora conjuguem os sistemas de objeto e valores urbanos, o direito dos residentes de ir e vir, de existir e de utilizar os espaços não é equitativo e nem justo. Embora coabitem a cidade, o pobre e o rico coexistem apenas nas relações laborais e mercantis. O convívio social entre os grupos urbanos durante o descanso ou lazer é praticamente inexistente. Cada grupo possui o seu microcosmo citadino ao qual regressa e onde se estabelecem os seus afetos e trocas, como a favela, o condomínio, os clubes, as igrejas, as associações, etc. Ali convivem e criam subjetivismos com os seus iguais dentro das suas possibilidades materiais e simbólicas.

É esperado que as grandes cidades continuem crescendo entre 2018 e 2050, ainda que em ritmo menos acelerado (UN-Habitat, 2020, p. 01–02). Porém, se esse crescimento permanecer desordenado e sem um planejamento inclusivo, as desigualdades apenas se reforçarão e se distanciarão cada vez mais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas para 2030. Além de políticas de investimento maciça e de combate a desigualdade, é preciso que os diferentes grupos de moradores, suas necessidades e a legitimidade da sua participação política nas decisões sobre a cidade sejam reconhecidas e respeitados, tanto na igualdade quanto nas diferenças[8]. Assim como os direitos humanos, o direito sobre a cidade deve assumir uma forma contra hegemônica e basear-se na multiculturalidade progressista da hermenêutica diatópica (Santos, 2009, p. 15, 18).

Referências

Davis, M. (2006). Planeta Favela (01 ed). Boitempo. https://www.boitempoeditorial.com.br/produto/detalhe/138/planeta-favela

Jesus, M. C. de. (1963). Quarto de despejo. Edição Popular.

Kehl, M. R. (1999). Violência e Mal-estar na Sociedade — Radicais, Raciais, Racionais: A grande fratria do rap na periferia de São Paulo. São Paulo em Perspectiva, 13(03), 95–106. https://doi.org/10.1590/S0102-88391999000300013

Lefebvre, H. (2012). O Direito à Cidade. Estúdio e Letra Livre.

Racionais MC´s. (1993). Fim de Semana no Parque. Letras.Com. https://www.letras.com/racionais-mcs/63447/

Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis. (2020). Favelas de São Paulo, SP [Sociedade Civil]. https://www.redesocialdecidades.org.br/br/SP/sao-paulo/favelas

Santos, B. de S. (2007). Para além do Pensamento Abissal: Das linhas globais a uma ecologia de saberes. Revista Crítica de Ciências Sociais, 78, 3–46.

Santos, B. de S. (2009). Direitos humanos: O desafio. Revista Direitos Humanos, 02(June), 10–18.

São Paulo: Imagem de injustiça. (2017, novembro 29). The Guardian. https://www.theguardian.com/cities/2017/nov/29/sao-paulo-tuca-vieira-photograph-paraisopolis-portuguese

Simone, A. (2014). The Missing People: Reflections on an urban majority in cities of the south. In S. Parnell & S. Oldfield (Orgs.), The Routledge Handbook on Cities of the Global South (p. 322–336). Routledge.

Souza, J. (2019). A elite do atraso: Da escravidão a Bolsonaro (1a edição). Estação Brasil.

UN-Habitat. (2003). The challenge of slums: Global report on human settlements, 2003. Earthscan Publications Ltd. https://unhabitat.org/the-challenge-of-slums-global-report-on-human-settlements-2003

UN-Habitat. (2020). Relatório Mundial das Cidades 2020: The Value of Sustainable Urbanization — Resumo das mensagens-chave. United Nations Human Settlements Programme. https://unhabitat.org/sites/default/files/2020/11/key_messages_summary_portuguese.pdf

Anexo I: Fim de Semana no Parque — Música de Racionais MC´s

<Ouça a música>

À toda comunidade pobre da Zona Sul

Chegou fim de semana todos querem diversão

Só alegria nós estamos no verão, mês de janeiro

São Paulo, zona sul

Todo mundo à vontade, calor céu azul

Eu quero aproveitar o Sol

Encontrar os camaradas prum basquetebol

Não pega nada

Estou há uma hora da minha quebrada

Logo mais, quero ver todos em paz

Um, dois, três carros na calçada

Feliz e agitada toda prayboyzada

As garagens abertas eles lavam os carros

Desperdiçam a água, eles fazem a festa

Vários estilos, vagabundas, motocicletas

Coroa rico boca aberta, isca predileta

De verde florescente queimada sorridente

A mesma vaca loura circulando como sempre

Roda a banca dos playboys do Guarujá

Muitos manos se esquecem, na minha não cresce

Sou assim e tô legal, até me leve a mal

Malicioso e realista sou eu Mano Brown

Me dê 4 bons motivos pra não ser

Olha o meu povo nas favelas e vai perceber

Daqui eu vejo uma caranga do ano

Toda equipada e um tiozinho guiando

Com seus filhos ao lado estão indo ao parque

Eufóricos brinquedos eletrônicos

Automaticamente eu imagino

A molecada lá da área como é que tá

Provavelmente correndo pra lá e pra cá

Jogando bola descalços nas ruas de terra

É, brincam do jeito que dá

Gritando palavrão é o jeito deles

Eles não têm videogame e às vezes nem televisão

Mas todos eles têm um dom São Cosme e São Damião

A única proteção

No último Natal, Papai Noel escondeu um brinquedo

Prateado, brilhava no meio do mato

Um menininho de 10 anos achou o presente

Era de ferro com 12 balas no pente

O fim de ano foi melhor pra muita gente

Eles também gostariam de ter bicicletas

De ver seu pai fazendo cooper tipo atleta

Gostam de ir ao parque e se divertir

E que alguém os ensinasse a dirigir

Mas eles só querem paz e mesmo assim é um sonho

Fim de semana no Parque Santo Antônio

Vamos passear no parque

Deixa o menino brincar

Fim de semana no parque

Vamos passear no parque

Vou rezar pra esse domingo não chover

Olha só aquele clube que dahora

Olha aquela quadra, olha aquele campo, olha

Olha quanta gente

Tem sorveteria, cinema, piscina quente

Olha quanto boy, olha quanta mina

Afoga essa vaca dentro da piscina

Tem corrida de kart dá pra ver

É igualzinho o que eu vi ontem na TV

Olha só aquele clube que dá hora

Olha o pretinho vendo tudo do lado de fora

Nem se lembra do dinheiro que tem que levar

Do seu pai bem louco gritando dentro do bar

Nem se lembra de ontem, de hoje e o futuro

Ele apenas sonha através do muro

Milhares de casas amontoadas

Ruas de terra esse é o morro, a minha área me espera

Gritaria na feira (vamos chegando)

Pode crer eu gosto disso mais calor humano

Na periferia a alegria é igual

É quase meio-dia a euforia é geral

É lá que moram meus irmãos, meus amigos

E a maioria por aqui se parece comigo

E eu também sou o bam, bam, bam e o que manda

O pessoal desde às 10 da manhã está no samba

Preste atenção no repique e atenção no acorde

(Como é que é Mano Brown?)

Pode crer pela ordem

A número, número 1 em baixa renda da cidade

Comunidade zona sul é, dignidade

Tem um corpo no escadão, a tiazinha desce o morro

Polícia a morte, polícia socorro

Aqui não vejo nenhum clube poliesportivo

Pra molecada frequentar, nenhum incentivo

O investimento no lazer é muito escasso

O centro comunitário é um fracasso

Mas aí, se quiser se destruir está no lugar certo

Tem bebida e cocaína sempre por perto

A cada esquina 100, 200 metros

Nem sempre é bom ser esperto

Schmit, Taurus, Rossi, Dreher ou Campari

Pronúncia agradável, estrago inevitável

Nomes estrangeiros que estão no nosso meio pra matar M.E.R.D.A

Como se fosse ontem ainda me lembro

7 horas sábado 4 de dezembro

Uma bala uma moto com 2 imbecis

Mataram nosso mano que fazia o morro mais feliz

E indiretamente ainda faz, mano Rogério esteja em paz

Vigiando lá de cima

A molecada do Parque Regina

Vamos passear no parque

Deixa o menino brincar

Fim de semana no parque

Vamos passear no parque

Vou rezar pra esse domingo não chover

Tô cansado dessa porra de toda essa bobagem

Alcoolismo, vingança, treta, malandragem

Mãe angustiada, filho problemático

Famílias destruídas, fins de semana trágicos

O sistema quer isso, a molecada tem que aprender

Fim de semana no Parque Ipê

Vamos passear no parque

Deixa o menino brincar

Fim de semana no parque

Vamos passear no parque

Vou rezar pra esse domingo não chover

Pode crer Racionais MC’s e Negritude Júnior juntos

Vamos investir em nós mesmos, mantendo distância das

Drogas e do álcool

Aí rapaziada do Parque Ipê, Jardim São Luiz, Jardim Ingá

Parque Arariba, Vaz de Lima

Morro do Piolho, Vale das Virtudes e Pirajussara

É isso aí Mano Brown (é isso aí Netinho, paz à todos)

Fonte: Racionais MC´s (1993)

[1] Lefebvre (Lefebvre, 2012, p. 19) fala que o modo de viver urbano comporta sistemas de objetos (água, eletricidade, gás, carro, televisão, mobiliário) e valores (lazer, costumes, moda).

[2] No Anexo I, os exemplos dos sistemas de valores e objetos presentes na canção foram grifados (de forma não exaustiva) pela autora em um exercício empírico.

[3] São “aglomerações de moradias com dimensões limitadas, construídas de materiais inadequados distribuídos irregularmente em lotes de terra, quase sempre deficitárias de serviços e equipamentos urbanos e sociais, e formando uma ordem social, econômico, sanitário, educacional e urbano complexa”. Favela é “um fenómeno muito mais recente e representa uma alternativa de mercado ilegal, baseada na invasão e ocupação de terras abertas e não protegidas”. Seus moradores não pagam rendas para morar. (UN-Habitat, 2003, p. 226 tradução livre da autora).

[4] Moradia “utilizada por um coletivo multifamiliar apresentando totalmente ou parcialmente as seguintes características: i) uma ou mais construções em uma área urbana; ii) subdividida em várias unidades alugadas, sublocadas ou cedidas em qualquer termo; iii) o mesmo cômodo servia à várias funções, iv) acesso comum e uso de espaços não construídos e instalações sanitárias; v) em geral, circulação e infraestrutura precária, e vi) extremamente populoso. (…) “É geralmente uma acomodação alugada dilapidada no centro da cidade”. O cortiço tem sua “origem no século XIX como uma alternativa de mercado legal para habitação popular”. Seus moradores pagam aluguéis a um proprietário. (UN-Habitat, 2003, p. 226 tradução livre da autora)

[5] Esse ensaio usa, sem intenção conotativa, os seguintes sinônimos para favela: comunidade, quebrada, morro, entre outros substantivos observados no vocabulário coloquial dos seus moradores.

[6] A regulação social é representada pelo Estado, comunidade e mercado e a emancipação refere-se às racionalidades estético-expressiva, instrumental-cognitiva e moral-prática (Santos, 2007, p. 04).

[7] Nas palavras de Santos (2009, p. 18), o indivíduo (ou os coletivos) tem “o direito a ser iguais quando a diferença nos inferioriza; temos o direito a ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza”.

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Graziela Ares
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Doutoranda em Sociologia, "Discursos: Cultura, História e Sociedade" no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. MSc em Marketing. MSc. em PCT..