Os desafios do ecossistema de inovação brasileiro para agricultura

Graziela Ares
12 min readNov 4, 2021

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(publicado em 24/10/2019 em https://www.linkedin.com/pulse/os-desafios-do-ecossistema-de-inova%25C3%25A7%25C3%25A3o-brasileiro-para-graziela-ares/)

Esse ano, fui parte de uma delegação de estudantes da Universidade de Ciências Aplicadas de Vorarlberg (Áustria) ao Vale do Silício na Califórnia (EUA). No retorno, deveríamos preparar um “trend report” individualmente. Pelo meu interesse sobre inovação e experiência professional na indústria agrícola, refleti porque o Brasil, estando entre as 10 maiores economia do mundo e sendo um dos países mais competitivos em agricultura não tem seu próprio “Vale do Silício” para agricultura.

Meu primeiro passo foi colher dados macroeconômicos, demográficos e sociais sobre o país e o setor, dado que nem todos os colegas tinham essas dimensões claras. As informações corroboram tanto o potencial do país como reforçaram as minhas hipóteses. A próxima etapa foi observar para o Vale do Silício como um ecossistema de inovação bem-sucedido, tentar enumerar os principais fatores de sucesso em perspectiva com o Brasil. Por último, levantei algumas hipóteses, sobre a ótica de quem está longe há muitos anos, do porquê ainda não chegamos lá.

O Vale do Silício é famoso pelos resultados obtidos em outras indústrias que não a agricultura, porem meu foco não era especificamente o objeto da inovação, mas o ecossistema em si e por isso achei valida a referência.

O Brasil e a Agricultura

O território brasileiro é extenso e estrategicamente vantajoso para a produção agrícola. Com 32% do seu território dedicado a agricultura, o país ainda conta disponibilidade de água (para irrigação e transporte), solo fértil e uma vasta costa.

O país é populoso e tem mais de 104 milhões de trabalhadores. São cerca de 28 milhões de pessoas vivendo no campo e uma taxa alta de desemprego (aprox. 12%). Embora discurso seja outro, comparativamente os números mostram que os gastos com pessoal são baixos. O salário mínimo não chega a USD300/mês e cerca de 23,9% das famílias recebem apenas com R$1.245 (pouco mais de USD300)[1] por mês em média[2].

O baixo crescimento e a instabilidade econômica dos últimos anos, afetou, mas ainda não comprometeu a posição de destaque entre as maiores economias do mundo. Por conta desse cenário, a inflação está dentro da meta e abaixo de 4%a.a. e a taxa de juros de referência vem caindo como parte de uma estratégia de incentivo ao consumo e investimento. Porem, os juros reais continuam altos (quase 2%a.a.) e a moeda vem se desvalorizando continuamente e tem se mostrado bastante sensível e instável, o que sinaliza a fragilidade dos fundamentos econômicos do país.

O agribusiness segue forte e respondeu por 21% do PIB[3] brasileiro em 2018. Ainda é o grande aliado do equilíbrio da balança comercial brasileira, gerando consistentemente superávits por ser o país um exportador líquido de produtos da agropecuária[4]. A pauta de commodities e subprodutos agrícolas é longa, como proteína animal, soja, cana de açúcar, milho, algodão, café, produtos florestais, laranja, arroz, feijão, outras frutas e verduras e outros. O ministério da agricultura apresenta estimativas bastante otimista para o setor nos próximos anos[5] e tem gasto mais de USD62 bilhões por ano em incentivos públicos para o setor, sobretudo com crédito facilitado[6].

Da lista das 50 maiores empresas do agronegócio brasileiro com receita disponível publicada pela revista Forbes em 2018[7], cerca de 31 empresas eram de capital nacional distribuídas entre cooperativas de agropecuaristas (cerca de 14), sucroalcooleiros (02), grãos em geral (03), produtos florestais (04), produtos animais (04) e insumos e fertilizantes (01). Essas empresas tiveram receitas anuais entre USD 10,5 bilhões e USD 380 mil em 2017, ou seja, números bastante expressivos que mostram o seu poder econômico.

Vale do Silício: um ecossistema de inovação bem-sucedido

Nas duas palestras que tive a oportunidade de assistir com o Professor Rick Rasmussen, da Universidade de Berkeley, ele atribuiu o sucesso do Vale do Silício ao ecossistema de inovação desenvolvido com diversas partes interessadas (stakeholders) que funcionam em alta capacidade, orgânica e harmonicamente alinhados. O Quadro abaixo resume bem quem são essas partes relacionadas.

Ha vários fatores que segundo o professor corroboram esse sucesso. Tais fatores vão desde os aspectos demográficos e culturais da região ate aspectos relacionados ao modo de fazer negócio e da atitude em relação a tentativas e erros e apetite ao risco. Para não estender o assunto, mas também não deixar exemplificar, gostaria de comentar duas áreas que me chamam a atenção: a capacitação das pessoas e a disponibilidade de financiamento a inovação, especificamente através do chamado venture capital.

Dos alunos graduados em ciências e engenharia em universidades americanas em 2017, quase 3,5% deles estão concentrados no Vale do Silício. Anualmente, 18 mil pessoas são qualificados para abastecer o ecossistema de inovação apenas naquela região. Do nosso lado, o Brasil tem visto os gastos públicos com educação serem congelados e, mais recentemente, reduzidos. Em 2018, foi divulgado que o Brasil forma 2,8 engenheiros a cada 10 mil habitantes [8] ou seja, menos de 60 mil novos profissionais por ano.

Os fluxos migratórios entre cientistas e pesquisadores é um fenômeno comum e que favoreceu o próprio Vale do Silício, mas que pode ser impactado pelas novas políticas imigratórias do atual governo Trump. No Vale do Silício, cerca de 47% dos trabalhadores com mais de 16 anos nasceram em outros países[9]. No Brasil a emigração de cientistas e profissionais para o exterior em busca de oportunidades de melhor remuneração e condições de pesquisa pode trazer impactos negativos a pesquisa no país[10].

O mercado de capitais nos Estados Unidos é referência para muitos outros países, mas mesmo assim chama a atenção o tamanho dos negócios de “venture capital” registrados. Em 2014, o país liderou os investimentos nessa modalidade transacionando USD52 bilhões[11] dos quais o Vale do Silício recebeu sozinho USD24,7 bilhões (47%)[12]. A China registrou o segundo valor em transações (USD15,5 bilhões) e, respectivamente, Pequim foi a segunda região a receber mais investimento (USD7,7 bilhões) naquele ano.

O venture capital ainda não é um mercado maturo e ainda não caiu nas graças dos investidores brasileiros. Há alguns investimentos e um esforço grande para disseminá-lo, mas de acordo com os dados publicados pela Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), os valores e números de negócios ainda são modestos e impactados pelo desempenho econômico do país. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o investimento em venture capital no Brasil representou 0,2% do PIB enquanto nos Estados Unidos foi registrado 1,83% de um PIB muito maior[13].

Ha diversos rankings que listam os países por sua inovação e pelos recentes resultados obtidos, mas todos podem ser igualmente questionados. Para este artigo, cito o índice divulgado pela World Intelectual Property Organization (WIPO) em 2019[14] pois ele faz uma segregação por tamanho das economias comparadas. Como pode-se observar abaixo, o Brasil não está em posição de destaque em nenhum grupo.

O agribusiness brasileiro investe muito em tecnologias, sobretudo dentro de casa e com funcionários e recursos próprios. Também temos universidades e centros de referência e pesquisa na agropecuária, como eh o caso da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária — Embrapa e da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”- ESALQ, que sempre foram bastante elogiados no setor. Porém, o modelo que ainda prevalece é mais centralizador e menos direcionado para a chamada “open innovation”.

No Quadro acima, tento mostrar como, pelas minhas observações a pesquisa, desenvolvimento e inovação acontecem de maneira nas empresas brasileiras do setor.

Fatores que podem prejudicar o ecossistema de inovação brasileiro para agricultura

Apos esse panorama, gostaria então de apresentar os possíveis fatores que potencialmente competem com o fortalecimento e destaque de um ecossistema de inovação em agropecuária brasileiro no cenário mundial.

Os aspectos não foram elencados por ordem de importância e não pretendem ser conclusivos ou exaurir completamente o tema. Pelo contrário, são sao frutos de um “brainstorm” apresentados para fomentar uma discussão construtiva sobre quais são os desafios a serem superados pelo agribusiness brasileiro para a consolidação de um ecossistema robusto de inovação. São eles:

1. Fatores relacionados a mão de obra barata e abundante para a agricultura tornam homens mais baratos que máquinas

a. Baixos salários

b. Baixos requisites por trabalhadores especializados ou qualificados para muitas atividades do campo o que faz com que o contingente de mão de obra potencialmente disponível seja elevado

c. Mercado de trabalho não tão bem regulado (comparando com países da União Europeia, por exemplo)

d. Recente flexibilização das relações de trabalho com possibilidades de terceirização ou contratos de trabalho intermitente (uma vantagem importante em casos de sazonalidade)

e. Alto número de empregos informais e alta taxa de desemprego

f. Alto número de pessoas vivendo nas áreas rurais e potencialmente disponíveis para trabalhar no campo

2. Modelo de gestão empresarial, fatores culturais e modelos internos de incentivos da firma

a. Estratégia de curto prazo das empresas, focando no preço das ações (para companhias abertas) e no resultado do ano ao invés de uma estratégia de negócios de longo prazo e sustentável.

b. Programas de incentivos como bônus para os executivos ligado a metas para o ano corrente e mais uma vez não ligadas aos resultados de longo prazo.

c. Inovação focada em processos internos, desenvolvimento de produtos já existentes e/ou que reforcem a continuidade do modelo de negócios atual ao invés de buscar tecnologias disruptivas.

d. Pesquisa, desenvolvimento e inovação são considerados pelas empresas como despesas e não como investimento para retornos futuros.

e. Foco em produtos (geralmente commodities) e não em um conceito mais amplo de oportunidades e negócios. Por exemplo: (i) ao invés de se posicionar como uma empresa produtora de carros, se posicionar como uma empresa de mobilidade; (ii) ao invés de commodities, se posicionar como uma empresa de nutrição; (iii) ao invés de etanol, considerar ser uma empresa de energia, etc.

f. Apesar de se considerarem liberais, os empresários brasileiros ainda contam (e esperam) muito com os incentivos do governo, quer ser através de linhas de crédito incentivadas ou benefícios tributários, por exemplo, para aumentarem sua lucratividade.

g. Baixo apetite ao risco na decisão de investimentos

h. Falta de uma política corporativa de pesquisa, desenvolvimento e inovação em muitas companhias, priorizando esse investimento e metas de longo prazo para a inovação.

i. Centros de pesquisas, laboratórios, universidades e outros locais onde se da a geração do conhecimento fora da esfera da firma são ligados ao governo, dependem total ou parcialmente de verba publica, nem sempre tem a gestão profissionalizada (funcionários de carreira ou indicações politicas) e podem ser altamente impactados pela burocracia e pela agenda politica dos governos da época.

3. Ecossistemas de inovação no Brasil: jovens, baixa competitividade e atratividade (por enquanto)

a. Relativamente baixo gasto publico com educação, ciência e tecnologia o que impacta fortemente na formação de profissionais e na qualidade e diversidade da pesquisa.

b. Relativamente baixa produção acadêmica, poucas universidades, centros de inovação e pesquisa, incubadoras, aceleradoras e clusters de inovação no país.

c. Limitado acesso ao crédito e linhas de financiamento para inovadores e pesquisadores.

d. Venture capital não maduro ou disseminado entre investidores impacta diretamente a capacidade de financiamento dos agentes autônomos de inovação.

e. Principal fonte de financiamento a pesquisa for a das grandes empresas ainda é o dinheiro publico e que no Brasil vem sofrendo cada vez mais cortes.

f. De maneira geral, o brasileiro tem baixo apetite para investimentos de alto e médio risco.

g. Produção acadêmica centralizada sobretudo nas universidades publicas e, portanto, num número limitado de instituições e ao orçamento publico.

h. Baixa ou média cooperação dentro do formato de Tripla Hélice.

i. Limitado número de empresas que investem consistentemente e massivamente em pesquisa, desenvolvimento e inovação ou ainda menor número de empresas que buscam inovação no mercado (open innovation).

j. Perfil de seguidores mais do que líderes em inovação.

k. Altos custos de transação para pequenas e medias empresas e empreendedores (sobretudo seed e pre-seed).

l. Processos burocráticos e lentos de registro de patentes e licenciamento de tecnologias no país.

m. Baixo número de patentes registrados no país, sendo que na sua maioria são feitos por empresas estrangeiras ou por universidades publicas e que não tem o objetivo primeiro de comercializar seus objetos[15].

n. Baixa atratividade para pesquisadores, professores e engenheiros no Brasil causa um fluxo negativo de profissionais em busca de melhores condições de trabalho no exterior.

o. Baixa atratividade de talentos para a pesquisa e inovação do exterior para o Brasil.

p. Relativamente poucas iniciativas de incubadoras e aceleradoras que ainda trabalham de forma pouco conectadas e competem entre si por recursos.

q. Modestas iniciativas (e cultura) de colaboração.

r. Ainda ha o oportunismo em obter dinheiro “fácil” do governo ou investidores quando outras fontes de recursos (ate mesmo capital próprio) estão disponíveis. Adicionalmente, em alguns casos se vê a falta de compromisso com a utilização eficiente desses recursos.

s. Falta de experiência dos empreendedores e inovadores para venderem suas ideias (pitch), além de uma rede contatos fraca ou não estruturada.

4. Nao efetividade de políticas publicas e um Sistema de proteção social

a. Falta de um sistema de proteção social que garanta as necessidades básicas (saúde, renda mínima, educação, moradia, etc.) de um empreendedor enquanto ele está em fase pré-operacional (ainda sem receita)

b. Falta de políticas industriais que promovam não apenas os negócios atuais da firma, mas que crie oportunidades e estímulo a novos negócios através da inovação. Em muitos países a atividade de pesquisa, desenvolvimento e inovação vem sendo fomentada com uma serie de incentivos fiscais e subsidies, por exemplo.

c. Recursos públicos deveriam ser dedicados a áreas que o setor privado não investiria devido ao baixo retorno, alta incerteza nas pesquisas e resultados de longuíssimo prazo, mas que trariam valor a sociedade como melhores condições de saúde e nutrição, por exemplo.

d. Programas públicos de fomento a pesquisa são ainda insuficientes e limitados.

e. Baixo incentive as parcerias entre governos, universidades e iniciativa privada para a inovação.

f. Alto risco pais, insegurança jurídica, falta de confiança nas instituições e a jovem e frágil democracia brasileira aumentam as incertezas de longo prazo e aumentam a hesitação nas decisões de investimento.

g. Considerável montante de subsídios e benefícios como o Certificado de Recebíveis do Agronegócio — CRA, por exemplo, para promover a produção agrícolas, mas poucos ou inexistentes esforços para a inovação na agricultura.

5. Mercados de capitais e outros

a. Falta de um mercado de capitais desenvolvido para venture capital e, portanto, não reconhecido como uma opção por investidores e ainda muito modestamente por captadores.

b. Retorno sobre investimento em projetos de inovação deve ser mais alto que o custo de oportunidade da empresa, o que no Brasil é bastante difícil de se justificar dada a elevada taxa de juros nominal e real.

c. Concorrência com outros investimentos com baixo risco e alto retorno como títulos de risco publico ou privado.

d. Investidores com perfil bastante conservador e focados no curto prazo. No Brasil, ainda grande parcela da população ainda investe em caderneta de poupança[16].

e. Para exportadores, como é o caso das maiores empresas do setor Agrícola brasileiro, parte considerável das suas receitas no exterior pode estar indexada a moedas fortes como o dólar. Os custos dessas empresas por outro lado são geralmente indexados a moeda doméstica gerando uma arbitragem natural. Essas empresas geram ganhos consideráveis com a desvalorização do Real e seus negócios seguem atrativos independentemente da inovação.

Muito tenho ouvido sobre a liderança da região de Piracicaba e nas apostas de que ali é ou será o nosso Vale do Silício da agricultura. Não tenho ainda base para fundamentar qualquer opinião sobre isso, mas estou colhendo mais informações e assim que tiver me sentir segura posso compartilhar novas reflexões.

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Referências:

[1] https://www.bcb.gov.br/ em 24.10.2019.

[2] https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/10/04/239percent-das-familias-brasileiras-vivem-com-r-1245-mensais-em-media-aponta-ibge.ghtml

[3] https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2019/07/01/veja-perspectivas-para-os-principais-produtos-agricolas-na-safra-201920.ghtml

[4] https://www.statista.com/study/48362/brazil/

[5] http://www.agricultura.gov.br/assuntos/politica-agricola/todas-publicacoes-de-politica-agricola/projecoes-do-agronegocio/projecoes-do-agronegocio-2018-2019-2028-2029/view

[6] https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2019/07/01/veja-perspectivas-para-os-principais-produtos-agricolas-na-safra-201920.ghtml

[7] https://forbes.com.br/listas/2018/07/10-das-melhores-empresas-de-agronegocio-do-brasil/#foto12

[8] https://oglobo.globo.com/economia/sem-cientistas-de-ponta-brasil-fica-fora-de-cadeias-globais-22454291

[9] https://siliconvalleyindicators.org/data/people/talent-flows-diversity/foreign-born/foreign-born-share-of-employed-residents-over-age-16-by-occupational-category-table/

[10] https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2017/05/1885187-estudo-traca-migracao-de-cientistas-pelo-mundo-e-seu-impacto.shtml

[11] https://www.ey.com/Publication/vwLUAssets/Venture_Capital_Insights_4Q14_-_January_2015/$FILE/ey-venture-capital-insights-4Q14.pdf

[12] https://www.weforum.org/agenda/2017/11/europe-venture-capitalists-silicon-valley/

[13] https://www.abvcap.com.br/Download/IndustriaPEVCSobreSetor/4186.pdf

[14]https://www.wipo.int/export/sites/www/global_innovation_index/pdf/gii19_leaders_infographic.pdf

[15] https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,faltam-estimulos-para-inovacao,70002983709

[16] https://epocanegocios.globo.com/Economia/noticia/2019/10/captacao-liquida-da-poupanca-bate-recorde-em-setembro.html

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Graziela Ares
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Doutoranda em Sociologia, "Discursos: Cultura, História e Sociedade" no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. MSc em Marketing. MSc. em PCT..